A nova geração da música de MS embala
Novos Trilhos
Por Gabriela Kina
De madeira, de vidro, de ferro...
Todos os dias nos deparamos com elas. Para entrar e sair. Ir e ficar. Ou para a
despedida daquilo que já não serve. Elas guardam sentimentos, anseios, dúvidas
e surpresas. Aliviam o futuro e nos desprendem do passado. Elas permeiam o
lúdico das metáforas de um enredo vívido, concreto e cheio de sonhos.
Uma descrição complexa, ousada e
subjetiva para quem protagoniza os caminhos que a Cinese Cia. de Dança
escolheu, com o objetivo de apresentar a perspectiva da dança de salão em
congruência à produção musical de Campo Grande, desde 2000.
Uma conexão. Entre ensejos de
tecnologia e sensibilidade nos passos, os intérpretes-criadores perpassam
momentos da música sul-mato-grossense e representam os desafios da decisão de
se abrir ao novo. Novos Trilhos é um espetáculo que elucida a importância de
oportunizar horizontes desconhecidos. Vislumbra o que é singular e, ao mesmo
tempo, plural na produção local, enfatizando essa transição cultural.
O movimento desenvolve outras
perspectivas. Impulsiona, estimula e viabiliza a passagem, o caminhar em novos
rumos. Em ritmo. Vários. Entre samba, pop, reggae, forró, maracatu, uma
mistura. Filho dos Livres, Sampri. Dombraz, Muchileiros, Jerry&Pétalas de
Pixe, Forrozén, Curimba, Sarravulho, Jennifer Magnética e Louva Dub vão embalar
o espetáculo Novos Trilhos, com algumas de suas produções autorais. São músicos
que ressignificaram oportunidades, inovaram rimas e suplantaram desafios.
Gestos e Olhares
Por Leonardo Jardim Borges
A Cinese Cia. de Dança identifica
gestos e olhares a partir das danças de salão, se orienta e se localiza a
partir do corpo, do contato e do processo coletivo de criação para construir
uma nova produção, um novo caminho. “Novos trilhos” é um projeto financiado
pelo Fundo de Investimento à Cultura do Governo do estado de Mato Grosso do
Sul. O antagonismo entre o difícil e o
acessível revela-se neste espetáculo que traz como objeto de estudo os artistas
e as produções do novo cenário musical do nosso estado. Na busca por respostas
para diversas questões, a movimentação vem desvelar o tino entre a passagem do
antigo para o novo. Afinal, quando abrimos uma porta, o que encontramos do
outro lado? Novas possibilidades resultam em novos desafios, novos trilhos...
Desde
então, embasamos nossos estudos em entrevistas sobre a trajetória das bandas,
histórico dos artistas e também no documentário “Geração 10” de Alexander Onça que teve como proposta realizar um
registro da cena musical do estado no início do século XXI, abordando a
desenvoltura desta geração que nasceu um pouco antes da internet, mas que
amadureceu inserida na rede. “A revolução digital desencadeou uma explosiva e
irreversível troca de informações, derrubou fronteiras espaciais e sociais e
estabeleceu um cenário global inédito, no qual ainda estamos aprendendo a nos
posicionar.”
Por isso, nossa Cia. também imprime um
tom delicado e romântico a esse espetáculo, considerando a diversidade da atual
música sul-mato-grossense que pulsa na alma e no coração desta geração de
artistas da nossa terra. Novas portas se
abriram, novos caminhos foram construídos e do outro lado encontramos a
materialização de novas possibilidades, num momento
expresso de se despir do habitual e permitir-se para o novo.
No
desdobrar desta peça, procuramos marcar a alternância constante entre o cheio e
o vazio na ocupação de um espaço cênico constituído por portas e emaranhados de
papel filme em consonância com o leve e o vital, o trivial e o estranho. Acompanhando o pulsar da cidade, no
seu estica, encolhe e na ocupação desordenada dos espaços urbanos, formações
maiores ou menores de bailarinos se constituem e se dissipam a todo momento,
num jogo incessante de união e dispersão. Neste
constante fazer, a Cinese ocupa-se de forma semelhante: constrói e desconstrói,
entre o equilíbrio e o desequilíbrio da dança e da vida.
De
um lado dificuldades, insegurança, instabilidade e rejeição, de outro a união,
o apoio. Bailarinos enrolados em papéis filme, corpos que se aprisionam e se
libertam, que dão nós e que simbolizam os laços estéticos que nos amarram, mas
que também servem para puxar, para ligar e para libertar. Com luz negra e
refletores de leds dando cor às portas, a iluminação cria uma dissemelhante
espacialidade cênica. Onde a textura de cada cena, cada porta e cada caminho é
feita de pura luz aos tons inteiriços e exuberantes num diálogo intenso com
figurinos ousados e de combinações inusitadas.
“Quando uma porta se fecha, duas
janelas se abrem”. Ao atravessar uma porta, ao nos colocarmos em outro lugar,
estamos assumindo todos esses desafios e possibilidades. Depende de cada um
seguir um novo trilho ou não. Acreditamos que o novo não anula o antigo e que
algumas riquezas – como as músicas do nosso estado – são atemporais e não
possuem um endereço fixo.
Teaser Novos Trilhos / Por Helton Pérez
FICHA
TÉCNICA
Integrantes Cinese
Cia. De Dança: Ana Claudia Arguelho Loureiro, Alliny Zin Boiko, Camila Russo Nantes,
Cássia Helena Mazzei de Campos, Leonardo Jardim Borges, Michael Kenji Batista Ito,
Vinícius Souza Barboza.
Intérpretes-criadores:
Ana Loureiro, Alliny Zin, Camila Nantes, Leonardo Borges, Michael Ito, Vinícius
Barboza.
Direção
Geral/Seleção musical: Cinese Cia. De Dança
Direção
Artística: Chico Neller e Cinese Cia. De Dança
Iluminação:
Espedito di Montebranco
Arte de
divulgação: Vaca Azul Produções
Produção:
Tetê Irie e Cássia Mazzei
Figurino:
Tetê Irie e Anne Machinsky
Alfaiate:
Nilton dos Reis Borges
Roteiro de
criação: Ana Loureiro
Cenografia:
Cinese Cia. de Dança
Produção
textual: Gabriela Kina e Leonardo Borges
Mixagem
musical: Estúdio 45
Social Media:
Ana Loureiro
Agradecimentos:
Espaço de Dança Selma Azambuja, Brecharia
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